DOI: 10.5281/zenodo.5646523
Ana
Paula Carvalho Trabuco Camelier
Professora do Ensino Básico, Técnico e
Tecnológico do Instituto Federal da Bahia e Doutoranda pelo Programa
Multidisciplinar de Pós-Graduação em Estudos Étnicos e Africanos (Pós-Afro) na
Universidade Federal da Bahia. Endereço eletrônico: ana_trabuco@yahoo.com.br
Resumo
O presente texto é parte integrante da
dissertação de mestrado defendida em 2008, no Programa Multidisciplinar de
Pós-Graduação em Estudos Étnicos e Africanos (UFBA), no qual o estudo está
relacionado às relações escravistas em Serrinha, localidade do nordeste baiano,
em fins do século XIX. No decorrer da pesquisa, foi perceptível o número
considerável de mulheres que declararam propriedades, após a Lei de Terras de
1850, e algumas delas com um número significativo de posses, o que ocasionou
uma maior necessidade em discutir aspectos relacionados a esses dados. Nomes
como os de Anna Maria Moreira de Oliveira e sua filha Maria Moreira da
Apprezentação Carneiro (conhecida como “Sinhá do Saco”), donas de muitas terras
e escravizados, numa localidade em que predominava a pequena propriedade e a
escassez de alimentos e água, podem nos proporcionar reflexões sobre relações
de poder, gênero e família no contexto final dos oitocentos, Sertão dos Tocós.
Através das fontes utilizadas, pudemos traçar trajetórias de mulheres da elite
local que assumiram os papéis de chefes de suas famílias, seja por meio do
comércio de escravizados, principalmente com outras mulheres, ou com a
liderança para a tomada de decisões sobre suas posses, mesmo diante de um
contexto adverso para elas, no qual essas atividades eram predominantemente
masculinas.
Palavras-chave: Mulheres, sertão, posses.