DOI: 10.5281/zenodo.17165819

 

Pollyana Calado de Freitas

Atua na área do Patrimônio Cultural. Historiadora (UFRPE), mestra (UFPE) e doutora (Museu Nacional/UFRJ) em Arqueologia. pollycalado03@gmail.com

 

RESUMO

O bairro de Casa Amarela, no Recife, já foi considerado a maior periferia urbana do Nordeste. Em 1988, uma reconfiguração administrativa promovida pelo poder público municipal desmembrou seus morros e córregos, transformando-os em bairros independentes e reduzindo Casa Amarela, em termos oficiais, praticamente ao seu centro comercial, localizado na área plana. Essa redefinição territorial favoreceu a entrada do mercado imobiliário e intensificou o processo de gentrificação. À luz de concepções teóricas da História e da Arqueologia Pública, campos que buscam dar visibilidade às histórias de grupos historicamente marginalizados por meio de abordagens contextuais, multivocais, reflexivas e interativas, moradores do bairro fundaram o coletivo de memória “Casa Amarela é O Bairro”. O coletivo tem como objetivo central promover ações que reconheçam, valorizem e preservem o patrimônio local e periférico, expressão viva da história de luta e resistência do território. Suas práticas incluem produção cultural, pesquisas acadêmicas e divulgação de conteúdos em redes sociais. O movimento impulsionado pelo coletivo busca fortalecer o debate sobre o direito à cidade e à memória, compreendendo o Patrimônio Cultural como instrumento de emancipação política popular. Neste artigo, serão compartilhadas algumas das iniciativas desenvolvidas pelo coletivo no enfrentamento ao apagamento promovido pelas disputas territoriais, como inventários participativos, oficinas educativas e ações colaborativas de preservação da memória local.

Palavras-chaves: Patrimônio Local, Patrimônio Periférico, Patrimônio Cultural, Casa Amarela, Colaboração.