Pollyana Calado de Freitas
Atua na área do Patrimônio Cultural.
Historiadora (UFRPE), mestra (UFPE) e doutora (Museu Nacional/UFRJ) em Arqueologia.
pollycalado03@gmail.com
RESUMO
O
bairro de Casa Amarela, no Recife, já foi considerado a maior periferia urbana
do Nordeste. Em 1988, uma reconfiguração administrativa promovida pelo poder
público municipal desmembrou seus morros e córregos, transformando-os em
bairros independentes e reduzindo Casa Amarela, em termos oficiais,
praticamente ao seu centro comercial, localizado na área plana. Essa
redefinição territorial favoreceu a entrada do mercado imobiliário e
intensificou o processo de gentrificação. À luz de concepções teóricas da
História e da Arqueologia Pública, campos que buscam dar visibilidade às
histórias de grupos historicamente marginalizados por meio de abordagens
contextuais, multivocais, reflexivas e interativas, moradores do bairro
fundaram o coletivo de memória “Casa Amarela é O Bairro”. O coletivo tem como
objetivo central promover ações que reconheçam, valorizem e preservem o
patrimônio local e periférico, expressão viva da história de luta e resistência
do território. Suas práticas incluem produção cultural, pesquisas acadêmicas e
divulgação de conteúdos em redes sociais. O movimento impulsionado pelo
coletivo busca fortalecer o debate sobre o direito à cidade e à memória,
compreendendo o Patrimônio Cultural como instrumento de emancipação política
popular. Neste artigo, serão compartilhadas algumas das iniciativas
desenvolvidas pelo coletivo no enfrentamento ao apagamento promovido pelas
disputas territoriais, como inventários participativos, oficinas educativas e
ações colaborativas de preservação da memória local.
Palavras-chaves: Patrimônio Local, Patrimônio Periférico, Patrimônio Cultural, Casa Amarela, Colaboração.